[Resenha] Ruptura, Simon Lelic | Violência na Escola

rupturaSinopse: Bullying é o centro da questão aqui. Quando ele existe, é inevitável o fato de que há outras pessoas envolvidas. Afinal, quem é o responsável pelo sofrimento da pessoa intimidada? E quando os que presenciam esse tipo de abuso não fazem nada? E os que de longe observam e agem como se nada disso fosse da sua conta? Ruptura é um romance que conta uma história necessária ao se debruçar sobre uma das selo-nova-fronteiraquestões mais polêmicas e discutidas da atualidade. Um tema que desafia pais e educadores e que é apresentado de forma envolvente numa trama intensa que promove ao leitor entretenimento e reflexão.

  Drama  |  286 páginas  |  Avaliação 4/5


  Ruptura se apresenta como um livro necessário de ser lido por todas as entidades escolares, tanto professores quanto alunos. Se for o caso do aluno, deve ser feito um estudo com professores acerca do mesmo para que a história não seja vista de forma confusa pelos alunos. Trata-se de um assunto tabu, ainda mais com tantos registros de violência nas escolas. O romance não aborda o bullying como algo fantasioso. Infelizmente, vemos a nossa volta situações similares encontradas neste livro, senão mais trágicas.


   Os capítulos são alternados entre o dia a dia de Lucy, detetive do caso, e testemunhos de familiares, amigos, professores e alunos. Para quem não leu a sinopse, Samuel Szajkowski é o professor em uma escola em Londres que lançou fogo com uma arma velha em três alunos e uma professora antes de se suicidar. Lucy investiga com muito afinco quem era por verdade o professor Szajkowski e porque ele cometeu um crime tão cruel. Quanto mais Lucy interroga as pessoas, mais ela descobre sobre quem era o homem que assassinou quatro pessoas a sangue frio.

   Todos, logicamente, o acusaram. Era uma pessoa sozinha, não tinha muitos amigos e tampouco namorada. Havia uma professora da mesma escola com a qual Samuel saíra algumas vezes, mas nada que ultrapassasse o físico. Sempre muito quieto e considerado esquisito, era alvo de bullying não só dos alunos, mas também dos profissionais que trabalhavam com ele ali na escola.



“Trabalho com ele. Preciso me dar bem com ele. Seria constrangedor para os outros se não fosse assim."

 ruptura-estranhos-como-eu O lugar que era para ser como uma segunda casa para a criança ou o adolescente tem se tornado lugar de violência, discórdia, abuso, má fé, menosprezo e desleixo. Professores assediando e sendo assediados, alunos praticando violência, alunos que não sabem o valor do respeito, uma diretoria negligente (e como ela é negligente em Ruptura!). O diretor se mostrou absurdamente indolente, despreocupado.



“Lidar com dinheiro mancha a alma de uma pessoa assim como suja as pontas de seus dedos. Administrar as contas de uma escola pode ser uma tarefa difícil.”

  O chefe de Lucy, Cole, a estava pressionando que escrevesse o relatório final sobre o caso de Samuel Szajkowski alegando que o mesmo fosse culpado, assim eles encerrariam o caso, porém a detetive não o fez. Pediu um prazo para que pudesse apurar mais os fatos. Cole não queria que isso se estendesse mais, afinal, o professor fez uma chacina na escola e se matou logo em seguida. Vítimas encontradas e assassino morto, ponto final! Embora corresse o risco de perder seu emprego, embora todos considerassem o professor o único culpado, ela não cessou sua busca.



“É difícil, não é? Quando não temos ninguém para culpar por algo terrível que aconteceu. Ou quando não temos ninguém vivo para culpar. Consegue entender? É sempre mais fácil lidar com a dor se você consegue transformar essa dor em raiva, se você consegue liberar essa dor, se consegue culpar alguém, ainda que essa pessoa não mereça ser culpada.”

  Ainda que fosse arriscado para Lucy essa investigação, sua escolha a fez descobrir muito mais do que todos esperavam. Quanto mais conhecia Samuel através dos testemunhos de terceiros, mais sentia compaixão por ele. A ação do professor não pode ser justificada de maneira alguma, mas por um lado ele também foi vítima, não da própria arma, mas sim da indiferença.



“Por que o ônus ficava sempre com os mais fracos quando eram os mais fortes que dispunham de liberdade para agir? Por que os mais fracos eram obrigados a ser corajosos enquanto os mais fortes tinham autorização para se comportar como covardes?.”

  O que nos envolve na trama são os pensamentos e opiniões de pessoas envoltas ao crime, principalmente de Lucy, que se mostrou misericordiosa em relação ao professor. Entretanto, o desfecho deixou um pouco a desejar. Senti que a história terminou antes da hora. É como se tivessem arrancado o capítulo final dele. Parecia que a Lucy fosse fazer muito mais. Porém, isso não classifica Ruptura como um livro ruim. Gostaria que todos pudessem ter a oportunidade para lê-lo.


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Até a próxima!

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